Praia dos Bichos

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quinta-feira, 3 de março de 2011

Os Parasitas Externos


- “Mas vale prevenir do que remediar”. Neste artigo vamos descrever algumas particularidades dos parasitas externos que podem afetar nosso cão e como devemos enfrentá-los.

Texto: Marisol Postolés

A pele dos animais esta exposta a muitos parasitas externos. Cada tipo de parasita exerce um efeito particular sobre a pele atacada. Esse efeito pode ser mais leve, através de uma simples picada, como uma picada de um mosquito; outras mais graves, como quando estamos frente a uma sarna que há prurido intenso e muitas lesões dermatológicas.

Estes parasitas que afetam e atuam sobre a pele de nossos animais são ectoparasitas e em alguns casos podem chegar a ser os transmissores de outros agentes patogênicos ao atuar como hospedeiros intermediários. Nesses casos, o quadro ainda é muito mais grave, já que além de causar seus efeitos, o agente transmitido exercerá seus efeitos internos sobre o animal atacado (ataca os dois lados de uma vez).

Dentre os ectoparasitas que podem afetar os nossos animais de companhia, podemos observar tipos distintos: em primeiro lugar, existem uns ectoparasitas que vivem sobre a pele do animal alimentando-se de seus detritos e exudatos da própria pele (como os piolhos picadores); também tem os que vivem sobre a pele mas de vez em quando tem que penetrar para se alimentar do sangue e dos líquidos tissulares (como as pulgas e carrapatos); por últimos temos os ectoparasitas que vivem dentro da própria pele, pelo menos durante um período de seu ciclo biológico, ocasionando efeitos cutâneos mais graves (é o típico caso das sarnas).

Além das conseqüências da presença do parasita sobre a pele de nossos animais, nós podemos encontrar diferentes graus de reações do organismo frente a eles. Em alguns casos aparecerá somente uma ligeira inflamação no local e um leve prurido, em outros em que o animal arrancará a pele com mordidas pelo intenso prurido ocasionado pelo parasita e suas toxinas.

Nesse artigo vamos ver alguns dos parasitas que podemos encontrar mais freqüentemente em nossos cães. Bem como, comentaremos algumas medidas preventivas que devemos tomar frente a eles para manter os nossos cães limpos e saudáveis. Assim conseguiremos que nossa relação de convivência diária não seja perturbada por esses bichos tão inconvenientes.

Parasitas cutâneos mais freqüentes

Helmintos:

• larvas de Ancylostoma (Bicho Geográfico): Essas larvas causam uma lesão muito característica na pele dos humanos, a chamada Larva Migrans ou Bicho Geográfico. Devemos saber que nos cães não há lesões tão importantes como em nós. Esse tipo de larva se encontra sobre as plantas e no solo de terrenos e parques de climas frios. Penetram na pele dos cães em áreas do corpo que estão mais em contato com o solo. Ingressam na pele, atravessando a epiderme e lesando a derme que oferece pouca resistência a sua entrada. Os sinais clínicos são pápulas vermelhas por toda a área do corpo que teve contato com o solo; após ocorre eritema (a pele está avermelhada) uniforme com o espessamento da pele que leva a perda de pelos na área afetada (alopecia). Uma das áreas que mais são afetadas são as patas dianteiras e traseiras, no peito (região do esterno), abdômen ventral, púbis e prepúcio. A pele dos cotovelos, tarsos e proeminências ósseas podem demonstrar lesões mais obvias devido ao espessamento natural da área. Os espaços interdigitais podem estar eritematosos e as patas inchadas, ocasionando dor e temperatura elevada. As almofadas (coxins) podem tornar-se sensível, em toda sua margem, podendo rachar com facilidade e levar a desprender-se da derme. O conjunto de lesões leva a uma inflamação crônica que provoca o crescimento rápido das unhas, as quais apresentarão um aspecto deformado e podem se romper com facilidade devido a sua grande debilidade. Em casos mais graves, podemos ver quadros de artrites nas articulações interfalângicas. Há prurido, porém é leve. O diagnostico se baseia na observação dos sinais clínicos, em exames de fezes onde pode se encontra os ovos, e o histórico de onde o animal habita, como terrenos úmidos, frios e mal saneados.

Pelodera strongyloides: Suas larvas ocasionam nos cães uma inflamação pruriginosa no local. Se associa a condições de mau higiene em terrenos úmidos e com material orgânico em decomposição. É confirmada a presença destas larvas através de raspados de pele. O quadro clinico mais comum é ver a pele afetada nos locais onde se tem maior contato com o solo (patas, abdômen, peito e zona perineal). A pele fica eritematosa e alopécica (perda de pelo), há prurido intenso e surgem pápulas e crostas. É comum ocorrer uma infecção bacteriana secundária, devido ao estado do animal. O tratamento é baseado na higienização do local onde estão os animais e também o tratamento das áreas afetadas com banhos e produtos antiparasitários adequados.

Dirofilaria immitis (verme do coração): Transmitido através da picada de um mosquito que ingeriu anteriormente microfilárias de um animal infestado. É causador de alterações cardíacas como hipertensão pulmonar, pois se alojam nas artérias pulmonares onde causam lesões reativas com sua presença. Na medida que aumenta o número de vermes, eles podem lesionar o coração e produzir quadros clínicos com fibroses, pneumonias, embolias e infartos, com sobrecarga do coração direito e a patologia associada. É uma enfermidade grave que vale a pena tentar prevenir que o animal se infecte, já que o tratamento, em infestações maciças, é perigoso para a vida do animal.

Artrópodes:

• Carrapatos: Trata-se de parasitas hematófagos obrigatórios (que se alimentam exclusivamente de sangue), acometendo todos os mamíferos e pássaros. Sua vida é longa e são muito resistentes. Os carrapatos passam por 4 fases ao longo de sua vida: ovo, larva, ninfa e adulto, graças as mudanças que sofrem. Existem carrapatos que passam todas as fases no mesmo hospedeiro e há outros que devem fazê-lo em diferentes hospedeiros (2 ou 3). Alem de serem parasitas asquerosos e repuguinantes, seu perigo principal é podem transmitir enfermidades de um animal a outro. Os carrapatos são encontrados nas plantas e gramados e quando percebem uma mudança de temperatura pela passagem de um possível hospedeiro grudam-se a ele. Uma vez que estão sobre o hospedeiro perfuram sua pele e cravam seu hipostoma (poderíamos dizer sua boca), e liberam substâncias que facilitam a extração do sangue que irão se alimentar. A maior parte da ingestão de sangue é feito pelas fêmeas (uma única fêmea pode ingerir 2 mls de sangue e quando estão repletas, podem alcançar 200 vezes seu tamanho inicial). Os carrapatos causam reações no hospedeiro afetado, como agravamento de quadros anêmicos, debilidade, reação inflamatória local no lugar onde está preso, reações alérgicas e, inclusive, infecções secundárias por contaminações de outros microorganismos. Existem casos em que podem provocar uma paralisia ascendente como conseqüência de suas toxinas. E sem duvida, o mais grave que podemos encontrar é a transmissão de agentes patógenos como vírus, bactérias, ricketsias, babesias, filarias, etc.. Se o cão está muito infestado por carrapatos, devemos levá-lo ao veterinário para ser feito um banho especifico e eliminado todos os existentes. Ele indicará também um produto próprio para limpar o ambiente onde o animal vive, eliminando novos focos de contaminação. Além disso, devemos administrar algum produto preventivo, tipo colares ou pipetas ou os dois.

• Ácaros-demodex e sarcoptes (sarnas): A sarna demodécia, também chamada sarna negra, é causada pela presença de um numero maior do que o normal, do ácaro chamado Demodex canis, e provoca uma reação inflamatória na pele afetada. Este ácaro está presente na fauna normal da pele do cão, mas em pequenas quantidades. Quando seu número se multiplica ocorrem os sinais patológicos, o que se deve a problemas genéticos ou imunológicos. Este parasita vive todo seu ciclo biológico dentro da pele e se alimenta das células, do sebo e dos restos epidérmicos, por isso seu diagnóstico se baseará em raspados cutâneos. Na demodécica localizada observam-se pequenas áreas alopécicas pruriginosas, descamativas e eritematosas, principalmente na cabeça e nas patas anteriores. Seu curso é benigno e pode haver regressão por si só. Nos casos generalizados, são afetadas extensas áreas da pele, mas especialmente na cabeça e nas patas. Quando ocorre em cães adultos, muitas vezes está relacionada a animais que apresentam alguma enfermidade.

A sarna sarcóptica é um processo dermatológico contagioso com muito prurido causado pelo Sarcoptes scabiei, que tem um padrão de distribuição muito típico: afeta a área ventral do abdômen, tórax e extremidades, tendo as orelhas e cotovelos como lugares prediletos pelo ácaro. O quadro se estende rapidamente pelo corpo do animal, e as lesões observadas são áreas alopécicas com erupções papulocostrosas, avermelhas e pruriginosas, resultando em infecções secundárias por todas as lesões. O prurido é muito mais intenso em ambientes quentes. A maioria dos pacientes apresenta afecções nos gânglios. Seu diagnóstico também se basea nos raspados de pele, porem nestes casos devem ser profundos e múltiplos. Seu tratamento deve iniciar-se o quanto antes possível com banhos a base de produtos antiseborreicos para eliminar as crostas e debris, e seguir com um produto acaricida. Em alguns casos, pode-se administrar corticóides para reduzir a coceira e deter a auto-mutilação.

Este é só um breve relato sobre alguns parasitos; na realidade, existem muitos outros que podem afetar nossos cães. A idéia básica de tudo isso é que devemos proteger os nossos cães de possíveis intrusos da forma sensata como os laboratórios nos oferecem e com supervisão de nosso veterinário de confiança. Ele é quem está acostumado a combater esses problemas e tem informações atualizadas para isso. Evite pedir informações ou mesmo orientar seu “vizinho”, pois o que pode funcionar para um cão pode maléfico para outros. Exemplo: a ivermectina muito utilizada em cães pode ser fatal em raças como Collie, Border Collie, dentre outras. Deixe para quem realmente entende do assunto os assessorarem e informarem.

Fonte: Revista Todo Perros n.173

Traduzido e Adaptado por Luma Meinerz.

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